Para o setor de combustíveis, o represamento de preços gera riscos ao mercado nacional
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil |
A Fecombustíveis (Federação do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes) estima que o preço médio da gasolina no país subiria 12,7% nas bombas caso a Petrobras decidisse repassar integralmente a alta das cotações do petróleo após o início da guerra na Ucrânia.
Já o preço do diesel teria alta bem maior, de 29,4%. Ainda assim, o setor de combustíveis é contrário a medidas para controlar os preços, que poderiam por em risco o abastecimento nacional ao inviabilizar importações.
As projeções da Fecombustíveis consideram os preços médios verificados na semana passada pela pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), quando gasolina e diesel custavam, em média, R$ 6,577 e R$ 5,668 por litro, respectivamente.
Com uma elevação de 35% da gasolina pura nas refinarias para repassar as cotações internacionais, diz a entidade, o preço médio de bomba do produto passaria a R$ 7,409 por litro. A estimativa considera que os outros componentes do preço -etanol, impostos e margens- permanecem inalterados.
No caso do diesel, o reajuste necessário nas refinarias seria de 51%, levando o preço médio de bomba a R$ 7,336 por litro, também se alterações nos valores dos outros componentes do preço.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) determinou, porém, a busca de alternativas para tentar impedir os repasses sem provocar grandes prejuízos à Petrobras.
O processo tem provocado desencontros entre diferentes alas do governo. Enquanto o próprio Bolsonaro ataca a política de preços da estatal, que prevê a paridade com o mercado internacional, o Ministério de Minas e Energia defende subsídios, considerados temerários pelo Ministério da Economia.
A Petrobras defende um modelo semelhante ao adotado pelo governo Michel Temer durante a greve dos caminhoneiros, no qual recursos do Tesouro são usados temporariamente para compensar refinarias e importadores pela venda de produtos mais baratos do que no mercado internacional.
A gestão da estatal argumenta que não pode vender produtos com prejuízo por força da Lei das Estatais e do próprio estatuto da empresa, que determina o cálculo e o ressarcimento de perdas provocadas pela adoção de políticas que não sigam as condições de mercado.
Para o setor de combustíveis, o represamento de preços gera riscos ao mercado nacional, já que as refinarias nacionais têm condições de abastecer apenas 80% da demanda. Os outros 20% são importados pela Petrobras e por agentes privados.
Importadoras que ganharam mercado no país durante o governo Temer, porém, desistiram de trazer produtos do exterior no cenário atual. Segundo a Abicom (Associação Brasileira das Importadoras de Combustíveis), suas associadas não realizaram operações em 2022.
Única refinaria de grande porte sob operação privada no país, a Refinaria de Mataripe, na Bahia, repassou no sábado (5) parte da alta das cotações internacionais, com aumento de até 19% na gasolina e até 25% no diesel, dependendo do ponto de entrega.
Após os aumentos, era possível encontrar o litro da gasolina no estado perto de R$ 8. (Folhapress)
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