A chuva também afetou o sistema de transportes e o comércio
Foto: Reprodução/Redes Sociais |
Deslizamentos de terra provocaram 29 mortes na Grande Recife, na madrugada de ontem, segundo a Defesa Civil de Pernambuco. O grande volume de chuva na região, o terceiro maior em 50 anos, também causou alagamentos, obrigou o fechamento de parte do comércio e afetou o sistema de transporte. Há 1.026 desabrigados e 335 desalojados, de acordo com o governo do Estado.
A maioria das vítimas - 20, no total - morava na comunidade Jardim Monte Verde, no bairro do Ibura, entre o Recife e a vizinha Jaboatão dos Guararapes. O resgate na área começou por volta das 6 horas, com a auxílio de moradores. A todo momento, socorristas pediam silêncio, na tentativa de ouvir pedidos de ajuda sob a lama e a terra. Seis crianças chegaram a ser achadas e levadas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Ibura, mas não resistiram. A unidade confirmou a morte de 14 adultos.
Duas outras vítimas foram encontradas no Sítio dos Pintos (zona oeste da capital), e no Córrego do Jenipapo (norte). Na região metropolitana, deslizamentos mataram seis em Camaragibe e duas crianças em Jaboatão. As chuvas já haviam causado outras cinco mortes ao longo da semana. Quatro delas forram em Olinda entre quarta e quinta-feira, e a outra em Muribeca, em Jaboatão.
Uma das vítimas em Muribeca foi Alex Roberto da Luz, de 41 anos. O jardineiro morreu na quarta enquanto tentava evitar que seus animais fossem arrastados pela enxurrada. O corpo só foi achado dois dias depois pelos irmãos de Luz, que faziam buscas em uma jangada. "O que me revolta é que tivemos que fazer as buscas pelo meu irmão sozinhos", reclamou Alexandro Rodrigo, irmão da vítima. "Depois de a gente achar, ainda esperamos sete horas até que fossem buscar o corpo. Não enterrei meu irmão ainda. O corpo dele está no IML (Instituto Médico-Legal) e não conseguimos que a funerária buscasse. É revoltante", disse ontem à noite.
Mais de 32 mil famílias moram em áreas de risco só no Recife e foram orientadas a procurarem um local seguro. [DE CHUVAS]A Secretaria de Educação do Recife ofereceu 14 escolas e creches da rede municipal para acolher famílias desabrigadas. [/DE CHUVAS] Segundo a Defesa Civil de Recife, o volume de chuvas registrado na madrugada deste sábado equivale a 70% do total previsto para todo o mês de maio, que é de 328,9 mm. Além dos deslizamentos, parte do muro do aeroporto da capital desabou. A Defesa Civil de Recife recebeu 198 chamados, com pedidos de vistorias e colocação de lona plástica para proteger da água.
O governador Paulo Câmara (PSB) sobrevoou ontem a região atingida e anunciou que vai pedir o apoio das Forças Armadas e antecipar a nomeação de 92 novos soldados do Corpo de Bombeiros para reforçar o socorro às vítimas das chuvas.
Em nota, o governo federal anunciou que os ministros Carlos Brito (Turismo) e Ronaldo Bento (Cidadania) estarão hoje em Pernambuco para identificar as necessidades dos atingidos. O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse no Twitter que determinou ao Ministério do Desenvolvimento Regional o monitoramento ininterrupto da situação d em Pernambuco e outros Estados do Nordeste.
Caos
A chuva também afetou o sistema de transportes e o comércio. A linha Centro do Metrô ficou paralisada e três terminais integrados de ônibus ficaram parte do dia sem funcionar. Na estação Joana Bezerra do Metrô, uma das principais do Recife, passageiros saíram andando nos trilhos por causa do atraso nas linhas. Em Jaboatão, a Estação Coqueiral foi tomada pela água. Até a noite de ontem, não havia previsão para reabertura das estações.
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) registrou alagamento e queda de barreiras. Trechos da BR-101 e da BR-232 foram interditados, além de estradas nas regiões da Mata Norte e da Sul. Lojas no centro do Recife tiveram de ficar fechadas e só devem reabrir amanhã. Shoppings da capital e de cidades vizinhas também não abriram. (Estadão Conteúdo)
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